Um dos meus leitores me perguntou: “Como ligar o Evangelho aos vícios? Refiro-me particularmente à gula.”
Se o Evangelho é a base de lançamento e o poder de sustentação no que se refere à nossa santificação, como eu acredito que é, então é essencial que sejamos capazes de ligar o Evangelho a todas as áreas da nossa santificação. Portanto, a pergunta de meu amigo é importante. Enquanto alguns acreditam e ensinam que o Evangelho é para nos salvar, enquanto que para a nossa santificação é necessária obediência, eu diria que o Evangelho é, definitivamente, para nos salvar, mas também absolutamente essencial para a nossa santificação.
O que o Evangelho tem a ver com a minha gula? Existem duas maneiras de pensar e aplicar o Evangelho para o problema da gula:
Sintoma vs Problemas fundamentais
Uma das vantagens do aconselhamento bíblico em relação aos modelos seculares é que o conselheiro bíblico não se contenta apenas com modificações comportamentais. Enquanto queremos mudar nossos comportamentos (no caso, a gula), também entendemos a necessidade de resolver os nossos problemas na sua raiz ou origem, para que aconteça uma mudança duradoura. Como o Salvador disse: “… a sua boca fala do que está cheio o coração.” (Lucas 6.45, NVI).
Jesus estava conectando a língua (sintoma) ao coração (problema fundamental). As nossas palavras não estão desvinculadas de quem somos como pessoas. Da mesma forma, o excesso de peso geralmente não é meramente uma manifestação problemática exterior, sem relação com a realidade mais profunda de quem a pessoa obesa é. Sem entrar em muitos detalhes, aqui está uma pequena lista de alguns dos problemas fundamentais em potencial que o conselheiro bíblico deveria explorar com uma pessoa que está acima do peso:
Como você pode ver, este problema é maior do que simplesmente gula. Ainda que raro, este tipo de obesidade também pode ser realmente um problema orgânico sobre o qual a pessoa não tem capacidade de controle. Da lista de pecados acima você pode perceber como o Evangelho poderia falar especificamente a uma pessoa que está lutando com algumas destas questões fundamentais, trazendo-lhe ao mesmo tempo descanso, esperança e ajuda.
O poder do Evangelho comprou-me
Em segundo lugar, Deus Pai executou o seu Filho na cruz para redimir para si um povo desamparado e sem esperança. Esta foi a compra mais cara já feita. Depois que Deus me regenerou, ele não só começou a habitar em mim, mas eu também comecei a permanecer nele. Já não pertenço a mim mesmo e, por causa do Evangelho, não tenho mais o direito de fazer o que quiser ao meu corpo.
Devo amar ao Senhor Deus e ao meu próximo com todo o meu coração, alma e mente (Mateus 22.36-40). Por causa do Evangelho, eu quero fazer seu nome grande no mundo. Quero também manifestar o Evangelho transformador a todos aqueles que estão sem a esperança que o Evangelho revela. Se eu não sou diretamente afetado pelas realidades da cruz e ressurreição (os elementos centrais do Evangelho) e a lista de pecado acima é o que me controla, então eu essencialmente estou zombando do Evangelho.
Se o Evangelho nos faz algo, é nos transformar. Mas se não estamos vivendo no bem do Evangelho transformador, então o nosso papel em glorificá-lo e em exemplificar o poder do Evangelho para os outros se torna inútil.